quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A rapariga com o vestido de espelhos: perdida no MAR ©

Aqui vos deixo o último episódio da saga que escrevi quando andava no liceu, esta terceira escrita no meu 12ºAno. Espero que mais vez apreciem esta história e que a Ana vos divirta com mais esta aventura.

A rapariga com o vestido de espelhos: perdida no MAR


Olá de novo! Ainda se lembram da Ana, a rapariga com o vestido de espelhos? Pois é, ela está de volta e com uma nova aventura!
Da última vez que vos falei dela, contei-vos um pouco da sua juventude e dos amores da adolescência. Hoje, quero falar-vos de um grande aventura marítima da Ana.
Tudo começou imediatamente após a criação do projeto de voluntariado “Sons do Silêncio”, que rapidamente se transformou num fenómeno global que uniu toda a Humanidade e permitiu um melhor desenvolvimento do MUNDO.
Ana partiu numa viagem com destino ao Haiti para ajudar na recuperação do país depois do violento sismo que assolou a região. Mas não foi sozinha. Mais de cinquenta voluntários Portugueses partiram com Ana numa viagem de barco, todos com o mesmo objetivo: ajudar quem mais precisa.
No dia da viagem, tal como combinado, o grupo de voluntários encontrou-se no porto de Lisboa para sair às 10:00 rumo ao Haiti. Apesar do atraso provocado pelo mau tempo, toda a equipa estava a bordo às 10:30. E assim começou uma longa viagem…

Dia 1
Saímos há pouco de Lisboa mas se o tempo estava mau na partida, agora está pior ainda! O barco balança de um lado para o outro sem parar. Muitos já estão indispostos e fazem os possíveis para se manterem calmos. Mas a coisa não parece muito promissora… Vamos ver.
Como tal, embora as intenções de todos fossem as melhores, a viagem não começava bem. Muito mau tempo e agitação marítima estavam a prejudicar o percurso normal da embarcação. Contudo, o mais grave está ainda por vir…
Depois do início conturbado, a situação melhorou e a viagem foi avançando, ainda que lentamente, para bom porto. Sete dias passados e chegavam mais notícias sobre a devastação no Haiti e a ajuda internacional que estava a chegar um pouco de todo Mundo.
Dia 8
Ontem soubemos que a situação por lá não está muito bem… Espero que a viagem seja rápida para podermos ajudar o quanto antes. Enfim, neste momento não podemos fazer nada.
É verdade, conheci há dois dias o Pedro. Ele é muito simpático e pareceu-me um verdadeiro amigo. Fiquei com vontade de o conhecer melhor.
E mal sabe Ana que vai mesmo ter oportunidade de o conhecer melhor, mas nas piores circunstâncias. Passaram-se já oito dias de viagem, mas o nono foi um daqueles dias em que Ana não deveria ter saído do quarto.
Ao acordar, todos ouvem no refeitório uma sirene. Estranham porque nunca até aí tinham ouvido tal som. Mas de repente, veem vários membros da tripulação a entrar com grande alarido e a dizer simplesmente para todos se dirigirem para os botes de salvamento que lhes tinham sido atribuídos no início da viagem. Ana irrompe numa corrida para o bote A14.
Quando chega, um dos tripulantes responsáveis por esse bote diz para o outro que já estão todos a bordo e que podem soltar-se do navio principal. Assim foi.
Já na água, o A14 afastou-se dos restantes botes, ou pelo menos assim parecia. Não tinham a certeza porque um espesso nevoeiro se instalou precisamente nesse momento, para complicar mais ainda todo aquele processo de evacuação.
Aproxima-se a hora do almoço quando, finalmente com alguma visibilidade, um dos passageiros afirma ter visto terra. Mas… como seria possível? Não era suposto existir ali nenhuma ilha de acordo com o mapa de bordo. No entanto, o grupo do A14 decide atracar.
Na ilha, que pouco mais de 1 km2 tinha, os dez sobreviventes (incluindo os dois membros da tripulação) decidem organizar-se para ver se conseguiam encontrar alguma coisa que lhes pudesse ser útil para pedir auxílio.
Mas não há nada… O que haviam de fazer? Como iriam sair dali? E onde estariam os restantes sobreviventes? Todas estas perguntas estavam por responder.
Passaram-se mais umas horas e agora de madrugada, os sobreviventes veem passar, pela primeira vez, um helicóptero. Mas este não os conseguia ver por causa do maldito nevoeiro.
É nesse momento que Ana tem uma ideia brilhante.
Na manhã da evacuação, Ana tinha combinado tomar o pequeno-almoço com Pedro e por isso queria estar no seu melhor. Assim sendo, tinha decidido usar o vestido de espelhos que tinha feita quando era mais nova (agora já com mais espelhos, porque também ela estava mais crescida).
Então, decidiu partilhar a sua ideia com os outros. Primeiro falou com Pedro e contou-lhe tudo.
A sua ideia consistia pura e simplesmente em utilizar os espelhos do seu vestido para refletir a luz do sol e desse modo conseguir chamar a atenção do helicóptero quando ele passasse mais próximo da ilha.
Pedro, agora amigo de Ana, diz-lhe que a sua ideia é genial! Podia muito bem ser a solução para saírem dali!
Então, todo o grupo separa cuidadosamente os espelhos do vestido de Ana e organiza-os num grande círculo.
O sol nasce e aparece a oportunidade perfeita. O nevoeiro está um pouco menos espesso e há um conjunto de raios de sol que está a incidir diretamente sobre a ilha. Vamos lá pessoal! – grita Ana.
Todos se desviaram, os raios incidiram sobre os espelhos e a luz é refletida. Será que o helicóptero viu? - pergunta Pedro. Instala-se um silêncio e após alguns segundos só se ouve.
“Atenção! Vamos aproximar-nos da vossa localização. Abriguem-se para vos recolhermos e levarmos a casa.”
Conseguiram. Estavam salvos e tudo graças ao vestido de espelhos!
A bordo do helicóptero, foram informados de que estavam a ir para casa, para Lisboa. Sobrevoam o mar sem fim e refletem…
- É realmente bonito. – diz Ana.
- E é de todos nós. – conclui Pedro.
É esta a lição que Ana e os seus companheiros de “aventura” aprendem. O MAR é de todos nós, é património da Humanidade e por isso temos que o preservar em conjunto. Nele residem esperanças para um futuro sustentável, não só pelos recursos que nos fornecem como também pelo seu papel fundamental como meio de transporte e comunicação.

Fim
Bernardo Pernadas

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