E aqui fica mais uma aventura da Rapariga com o Vestido de Espelhos.
Com este segundo texto, uma sequela do que já publiquei, ganhei o terceiro prémio do mesmo concurso em que já tinha participado. Este texto, como devem reparar ao ler, foi escrito há menos tempo. Há cerca de 2 anos, e já integrou a categoria do Ensino Secundário, ao contrário do primeiro, que participou na categoria do 2º ciclo. Espero que gostem!
Deixem os vossos comentários na secção destinada para o efeito (em baixo).
Boa Leitura!!
A rapariga
com o vestido de espelhos: o REGRESSO
Com
certeza já ouviram falar de Ana, a rapariga com o vestido de espelhos.
Provavelmente já não se lembram dela, mas ela lembra-se de vós.
Desta
vez venho falar-vos um pouco da juventude da Ana. Quando a apresentei, se bem
se lembram, ela era apenas uma criança de tenra idade. Sem mais demoras,
passemos à nossa história.
Ana,
na sua infância, travou conhecimento com uma rapariga muito especial, Jucimila.
Estas duas meninas, que se tornaram grandes amigas cresceram e depois do
sucesso da sua “sociedade” criadora de moda, mais propriamente de vestidos, a
sua amizade ficou ainda mais forte. No entanto, e como é natural, durante a
juventude, a sua amizade foi muitas vezes posta à prova.
Certo
dia, Ana conheceu um rapaz pelo qual começou a desenvolver sentimentos muito,
como dizer, muito bonitos! O amor é algo que é realmente fantástico, e Ana
descobriu isso.
Quando
conheceu André, o rapaz por quem se apaixonou, Ana começou gradualmente a
afastar-se de Jucimila. Este distanciamento não surgiu porque ela o quisesse,
foi algo espontâneo e que tantas vezes acontece na juventude de uma pessoa.
André
era um rapaz extremamente simpático, um jovem de ouro, se assim se pode dizer.
Um jovem que acima de tudo defendia os valores da honestidade, da lealdade e da
fidelidade. Como já devem ter percebido, André era um rapaz fora de série, tal
como Ana era uma menina única. Eram, por assim dizer, o par ideal.
Assim
sendo, André e Ana começaram a namorar e viviam dias de muita alegria e
cumplicidade. Os dias passavam e parecia que o amor destes dois jovens
adolescentes não parava de crescer. Pelo contrário, parecia aumentar a cada dia
que passava, unindo-os sempre.
Contudo,
quem não achava tanta graça a este namoro era Jucimila. A pobre menina da cor
do chocolate estava como que esquecida. Ana não lhe telefonava à noite para
conversarem como faziam antes de aparecer o André.
Deste
modo, Jucimila sentia-se abandonada pela sua melhor amiga, e as coisas pareciam
não parar de piorar. Ana, ultimamente, não estava a dar atenção à loja que
tinha construído com a amiga, e como tal, os resultados não estavam a
manter-se. A loja foi perdendo clientes e Jucimila fazia o inimaginável para
garantir o sucesso da mesma, mas sozinha, não conseguiu manter o nível de
qualidade dos vestidos. Trabalhava por ela e por Ana que já nem aparecia na
loja para a ajudar com as encomendas. E a crise que hoje vivemos foi a gota de
água para levar a loja ao encerramento.
Poucas
semanas após o encerramento da loja, Jucimila encontrou Rita, aquela menina
“má” que conhecera na sua infância e que tanta inveja tinha da amizade que unia
Ana e Jucimila. Rita tinha voltado à cidade dias antes do fecho do negócio dos
vestidos, depois de ter estado no estrangeiro a concluir o seu curso de
arquitetura.
Quando
viu Jucimila, já depois da falência do negócio, começou a aborrecê-la e a
fazê-la sentir-se cada vez mais triste. Disse-lhe que Ana nunca tinha gostado
dela, que a tinha usado para se adaptar e se integrar na sociedade local.
Contudo, Jucimila não se deixou enganar, pois sabia que o que Rita dizia não
era verdade.
Nessa
noite, quando se foi deitar, refletiu. Pensou em todos os momentos bons que
partilhara com Ana e todas as dificuldades que juntas, tinham superado.
Nessa
mesma noite mas noutra casa, Rita estava também a preparar-se para ir dormir,
quando o inesperado aconteceu. O seu telemóvel tocou. Era um alarme. Ana foi
ver de que se tratava e lembrou-se que Jucimila faria 16 anos no dia seguinte.
Nessa noite, também Ana refletiu sobre a sua atitude e sobre como o amor se
tinha sobreposto à amizade que durante tanto tempo a unira a Jucimila.
Na
manhã seguinte, dia 8 de Março, Jucimila acordou, e deslocou-se calmamente até
à cozinha. Mas algo estava prestes a acontecer. Quando chegou à cozinha, tudo
estava às escuras: os estores fechados, as luzes apagadas.
Entrou
lentamente na divisão e de repente, Zásss!!! A cozinha iluminou-se e, num segundo
todos os seus amigos apareceram. Todos lhe deram os parabéns a Juci (o nome carinhoso
com que os amigos a tratavam) e olhando para todos eles, agradeceu-lhes a
surpresa. E de imediato todos lhe disseram que a responsável por tudo tinha
sido Ana, que, estranhamente, esta não estava lá.
Jucimila, ansiosa, perguntou se alguém sabia onde
estava Ana, mas todos disseram que não. Naquele momento o que queriam é que
Juci fosse com eles para ver uma outra surpresa que a esperava.
De
olhos vendados, os seus amigos levaram-na até à loja dos vestidos que outrora
tinha sido um sucesso, e assim que entraram, retiraram-lhe a venda. Jucimila
olhou em redor e viu uma loja totalmente remodelada, simplesmente magnífica. E
atrás das máquinas de costura viu Ana a coser algo que não conseguiu perceber o
que era. Ana levantou-se e dirigiu-se a Jucimila.
Começou
por lhe pedir desculpa por tê-la posto de lado durante o tempo que tinha
passado a namorar André. Depois deu-lhe um abraço muito forte e Juci disse-lhe
que sabia que ela não se tinha esquecido de si. A seguir, Ana entregou-lhe um saco.
Jucimila
abriu-o cuidadosamente, e quando retirou o seu conteúdo, ficou muito contente.
Era um vestido de espelhos, mas com uma singularidade: tinha um espelho
especial, em que figuravam duas pessoas, ANA e JUCI.
Depois
deste dia, a situação de Ana e Jucimila mudou. Ana passava muito tempo com a
amiga e com o namorado, que também começou a colaborar na loja, e o sucesso foi
novamente atingido. O mundo estava naquele momento um pouco mais belo. Mas Ana
e Jucimila, agora aS raparigaS com os vestidos de espelhos, acharam que, tal
como Ana tinha escutado o silêncio da amiga e tinha percebido que a sua amizade
não estava bem, havia muitas coisas no mundo que tinham de ser mudadas.
Era
necessário escutar o mundo em que viviam e perceber que o seu silêncio face a
certas situações poderia querer dizer alguma coisa. Assim, com parte do lucro
da loja dos vestidos, lançaram um novo projeto chamado “Sons Do Silêncio”, uma
associação de voluntários que rapidamente se tornou um fenómeno mundial,
estabelecendo-se vários núcleos por todo o mundo.
Com
ações a desencadearem-se a nível global, os voluntários escutavam as necessidades
do planeta e atuavam em conformidade, erradicando a pobreza, protegendo o
ambiente e acima de tudo, mantendo uma boa relação de amizade com o MUNDO, que
se tornava assim um lugar cada vez melhor!
Fim
Bernardo Pernadas
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